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sábado, 16 de junho de 2012

Brasileiro consome cinco quilos de agrotóxicos por ano, mostra estudo divulgado na Cúpula dos Povos


Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A venda de agrotóxicos no Brasil em 2010 teve um aumento de 190% em comparação a 2009. Isso significa que cada brasileiro consome cerca de cinco quilos de venenos agrícolas por ano. Os dados fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), baseado em informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estudo foi apresentado hoje (16) na Cúpula dos Povos pela médica sanitarista Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Ela credita o aumento na venda dos agrotóxicos ao bom momento do mercado agrícola, puxado principalmente por uma forte demanda chinesa. O produto que mais recebe venenos é a soja transgênica, que precisa do glifosato para produzir, em um tipo de “venda casada”, explicou a pesquisadora.
“Este ano a Abrasco decidiu construir um dossiê sobre o tema do agrotóxico e os impactos na saúde e no meio ambiente. O trabalho marca os 40 anos de Estocolmo [primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente], os 20 anos da Eco92 e os 50 anos do lançamento do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson.”
Segundo a médica, o uso de agrotóxicos no Brasil faz parte do modelo produtivo adotado na agricultura nacional. “Este modelo da agroindústria é todo sustentado no pacote da revolução verde, que é baseada em uma agricultura químico-dependente. O agrotóxico é parte desse modelo. Por causa disso, desde 2008 o Brasil ocupa o primeiro lugar no consumo de agrotóxicos, segundo dados levantados pela Abrasco na Anvisa.”
Os dados podem ser acessados na página da Abrasco.

Governo quer incentivar produção e consumo de produtos orgânicos no país


O governo prepara uma política nacional de agroecologia e produção orgânica para ampliar para 300 mil, até 2014, o número de famílias envolvidas na produção de produtos agroecológicos, além de incentivar o consumo desses produtos pela população. Essas ações foram discutidas nesta sexta-feira (18) no evento Diálogo Governo e Sociedade Civil.
Para alcançar a meta, uma das ações previstas para ampliar a quantidade de famílias empregadas na produção de orgânicos, estimada atualmente em 200 mil, é a implantação de projetos agroecológicos em assentamentos de reforma agrária.
Está previsto também o aumento da distribuição de sementes, qualificação dos produtores e da assistência técnica. A política busca ainda passar de 2% para 15% a participação de produtos orgânicos nas compras governamentais, também até 2014.
Romeu Leite, presidente Câmara Temática Nacional de Agricultura Orgânica, que é formada por governo e organizações da sociedade civil, citou a ampliação da pesquisa e o registro legal de insumos que substituem os agrotóxicos como lacunas que precisam ser preenchidas pela política.
“É irrisório o que se investe no Brasil em pesquisa nessa linha limpa. Para reduzir o uso de agrotóxicos, é preciso que haja insumos. E, nesse sentido, têm insumos usados há décadas dentro da orgânica que agora foram tornados ilegais porque precisa de registro, embora sejam são de baixo impacto. É preciso que haja agilidade nessa questão do registro”, disse.
Ao apresentar as linhas gerais da política, o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Cabral, também assinalou a disposição do governo de disponibilizar linhas de crédito diferenciadas para a agricultura orgânica, além de ampliar a pesquisa no setor com o objetivo de aumentar o número de registros de insumos regulamentados para a agricultura orgânica.
Gilson Alceu Bittencourt, da Secretaria-Geral da Presidência da República, defendeu que as medidas busquem também baratear a produção, tornando os produtos orgânicos acessíveis a toda a população. “Se por um lado precisamos ampliar a oferta de produtos, por outro precisamos ampliar o acesso. Não adianta ser uma produção orgânica para uma minoria”, constatou.
O Diálogo Governo e Sociedade Civil é organizado em parceria entre a Secretaria-Geral da Presidência da República e o Ministério do Meio Ambiente.

Países não chegam a acordo e Brasil liderará negociações na Rio+20


Bandeiras nacionais no Forte de Copacabana, onde acontece o fórum TEDxRio+20, no Rio de Janeiro, na segunda-feira, um evento paralelo à conferência da ONU Rio+20. 11/06/2012 REUTERS/Ricardo Moraes

A Rio+20 encerrou sua primeira rodada de negociações nesta sexta-feira sem chegar a um acordo para um documento final, e caberá agora ao Brasil liderar as discussões para tentar evitar que a cúpula seja um retrocesso nas políticas de desenvolvimento sustentável.
Países desenvolvidos, tradicionais financiadores de projetos ambientais e os mais afetados pela crise econômica internacional, mantiveram-se resistentes ao compromisso de novos aportes e transferência de tecnologia.
A presidente Dilma Rousseff deve aproveitar a cúpula do G20, que reunirá na semana que vem, no México, as principais economias do mundo, para tentar evitar o fracasso da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro.
"Já não é mais hora de pôr texto na tela e mudar verbos, agora é a hora final, é a hora de fechar o texto, e vamos fechar o texto", disse o embaixador Luiz Figueiredo, um dos negociadores-chefe da delegação brasileira na Rio+20.
Com a falta de um acordo no último dia das reuniões preparatórias, o Brasil assumirá a liderança das negociações.
Nos próximos dias, o país deverá realizar consultas informais para tentar costurar um acordo antes da cúpula de alto nível, que reunirá chefes de Estado a partir do dia 20. Essas abordagens discutirão o "imprescindível", segundo Figueiredo, que negou a existência de um texto de consenso pronto.
Ministros de diversos países devem se juntar às negociações a partir deste fim de semana para concluir o texto até o dia 19.
Mais cedo, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da ONU, Nikhil Seth, já havia afirmado que as negociações seriam prolongadas até a próxima semana, e disse que menos de 30 por cento do texto final havia sido acertado.
Os principais pontos em disputa são quanto à implementação do desenvolvimento sustentável, como capacitação e financiamento, e o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Nas negociações, países ricos teriam rejeitado realizar novos aportes para projetos e se posicionaram fortemente contra a transferência de tecnologia, disseram à Reuters duas fontes a par das negociações, sob condição de anonimato.
Há receios de que o impasse possa gerar um texto com ambições "muito baixas", disse uma das fontes, que citou ter visto delegações com documentos de reuniões anteriores debatendo pontos que já haviam sido concordados em outras conferências da ONU. "Há a chance real de retrocesso", afirmou.
Apesar dos impasses, o Brasil tentou demonstrar otimismo com as negociações. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que as conversas chegaram a "avanços e consensos" e declarou não haver possibilidade de fracasso.
Mas, no fim do dia, com as chances de um acordo praticamente nulas, o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu mais "ambição" dos países participantes.
As expectativas já estavam baixas antes do início da conferência, que ocorre em meio à piora da crise econômica internacional, e diante da resistência de nações desenvolvidas de assumir novos compromissos